A pergunta mais feita por recém-formados. O segundo dilema mais importantes da vida – porque o primeiro foi o de escolher o curso que iria prestar vestibular aos 16-17 anos. O momento em que você tem um pedaço de papel o qual afirma que você é bom em algo e que agora o mercado pode te pagar melhor.
Tem gente que pensa que eu nunca passei por esse dilema simplesmente pelo fato de ter montado minha empresa no meio do curso e que – aparentemente- eu já tinha tudo arquitetado para a minha vida pós-faculdade. Engano de vocês, colegas.
Como qualquer pessoa, passei por minhas crises pós-faculdade. Mas enquanto a maioria fica sem saber o que fazer numa página em branco de mais um capítulo da vida, eu já tinha um capítulo parcialmente escrito. E ao contrário do que muitos imaginam, ter um capítulo já sendo escrito antes da hora que deveria não nos torna mais confiantes sobre o futuro.
Recentemente escrevi lá no Vamos Empreender sobre as vantagens de empreender sendo jovem (leia o texto aqui), e hoje escrevo aqui, basicamente, sobre a principal “desvantagem” de empreender ainda na faculdade. Digamos que, para muitos, eu “perdi a liberdade” que grande parte dos jovens tem de começar uma fase toda nova da vida, podendo se mudar para qualquer parte do mundo e ter uma experiência diferente.
O nosso problema
Mas a nossa vida é feita de escolhas. E cada escolha tem seus impactos positivos e negativos. O problema é que ao nos formarmos não estamos preparados para o próximo passo. E por que será? Falha da academia que não nos preparou como profissionais da forma certa para encarar o mercado? Falha dos nossos pais que não nos orientaram adequadamente sobre essa etapa da vida? Falha nossa que dedicou o tempo da forma errada durante os 4 anos (em média) do curso? Onde está o problema?
Acredito que isso seja uma junção de todas essas questões. No entanto, nunca gostei de assumir papel de vítima e colocar a culpa nos outros ou nas situações da vida. Na minha concepção, a maior parte da culpa de algo acontecer conosco é puramente nossa, e de mais ninguém.
Vejo que muitas vezes esperamos que as pessoas nos dêem as respostas do que deve ser feito, quando é função nossa ir atrás delas. Se o mundo é cruel, e o mercado de trabalho não é da forma que imaginávamos, significa que não saímos da nossa bolha enquanto universitários para conhecer o mundo e optamos por ter ficado os 4 anos da faculdade vivendo dentro dela.
Para a maioria dos jovens o dilema eram opções demais; para mim eram opções de menos.
Mas certo Jorge, isso quer dizer que você se arrepende de ter antecipado uma etapa da sua vida?
Jamais!
A nossa escolha
Durante os 2 últimos anos de curso tive uma vida extremamente louca, tendo que lidar com problemas de empresa e problemas da faculdade; tive que arcar com as consequências de decisões erradas nos negócios e de resultados inesperados na academia. Mas no fundo, é isso que a vida é: saber lidar com várias situações tensas ao mesmo tempo e não enlouquecer com tudo isso (também tema de outro post meu aqui).
Vivenciei uma experiência de vida entre o fim do curso e a fase “recém-formado” que nunca imaginei poder vivenciar. Acho que a principal diferença é que decidi sair da bolha para poder conhecer o mundo e não me surpreender com ele. E isso foi ótimo!
Minha crise, na verdade, foi: “Me formei, e agora? Já tenho uma empresa, e não tenho tantas opções como um recém-formado ‘normal’. Será que isso é realmente o que eu quero para o resto da minha vida?”. Para a maioria dos jovens o dilema eram opções demais; para mim eram opções de menos.
Eu sabia das minhas opções de vida e escolhi empreender.
Hoje, cerca de 2 anos após me formar, percebo que na verdade eu não tinha um problema em ter poucas opções; eu tinha uma vida a seguir que eu já tinha escolhido antes mesmo de me formar, quando decidi largar o estágio e montar a minha empresa. Naquela época eu sabia das minhas opções de vida e escolhi – sim, escolhi – empreender.
O nosso propósito
Uma das coisas que descobri ainda na faculdade foi o meu propósito de vida; aquela coisa que me daria o maior prazer apesar de qualquer dificuldade que aparecesse no caminho; o tipo de coisa que eu poderia até não ganhar muito, mas se conseguisse viver uma vida sem stress, sem passar perrengue e sendo feliz, estaria ótimo.
A empresa não me privou de liberdade; eu optei por abdicar de certas opções que tinha para fazer na vida e atingir meu propósito de vida pessoal. E confesso que esse propósito não foi claro de início. Eu fui descobrindo ele à medida que ia desenvolvendo cada vez mais o meu negócio. Fui aprendendo mais sobre mim enquanto vivia a vida.
E a resposta para a temida pergunta do recém-formado: “Me formei, e agora?” não tem uma única resposta. Tem apenas um guia: encontre seu propósito, porque a partir dele você vai saber o que fazer no resto de sua vida.
Imagem: Jorge Wanderley